A manutenção e os cuidados adequados das vestimentas de proteção térmica são essenciais para garantir sua eficácia ao longo do tempo. Dentro de um programa abrangente de análise e gestão de riscos relacionados ao calor e chamas, é crucial dedicar atenção especial à seleção, uso e, especialmente, aos cuidados depois da implementação com essas vestimentas.
Ao considerar a vida útil de suas vestimentas de proteção térmica, é imperativo abordar cada aspecto desse processo com a devida seriedade. Isso inclui análise minuciosa, controle efetivo, registro detalhado e atualização constante das práticas de manutenção e cuidados. Esses elementos são essenciais para garantir a segurança dos trabalhadores em ambientes perigosos, como os envolvidos em atividades com Arco Elétrico e Fogo Repentino.
Embora já tenhamos abordado a importância da seleção adequada das vestimentas de proteção térmica (Veja a Publicação O planejamento de proteção dos trabalhadores para um novo paradigma internacional), é igualmente essencial compreender como a manutenção e os cuidados podem impactar diretamente na proteção dos trabalhadores. Afinal, a eficácia dessas vestimentas não está apenas na sua seleção e uso adequado, mas também na sua manutenção constante ao longo do tempo.
Além dos aspectos fundamentais de segurança e preservação da vida, temos que atentar para a regulamentação do uso, manutenção e guarda dessas Vestimentas. A Norma Regulamentadora NR-6 deixa isso bem destacado, colocando responsabilidades para a organização e o trabalhador. Essas responsabilidades acabam por ser compartilhadas e sempre restam dúvidas com relação a como proceder. Outro ponto fundamental é o registro de todas as etapas do processo de seleção, uso, conservação e guarda, alinhado com a NR-1, e que coloca a necessidade da integração desses processos com o PGR.
Portanto, é fundamental que as empresas adotem políticas e procedimentos claros para garantir a correta manutenção das vestimentas de proteção térmica. Isso inclui a inspeção regular, a limpeza adequada e, quando necessário, a substituição de peças desgastadas. Além disso, a constante capacitação dos trabalhadores sobre a importância desses cuidados e a supervisão adequada dessas práticas são elementos chave para garantir a segurança e saúde de todos os envolvidos.
Quer conhecer todos os passos importantes deste processo? Então comecemos…
Qual a orientação adequada do processo de lavagem?
A lavagem é um procedimento fundamental e obrigatório no uso das vestimentas de proteção térmica, justamente por sua característica específica de vestir o trabalhador. As lavagens das vestimentas devem seguir rigorosamente as especificações dos fabricantes têxteis e confecções. Os dois processos mais comuns utilizados são a lavagem doméstica e a lavagem industrial.
A lavagem doméstica, quando realizada seguindo as instruções de lavagem, é eficiente e pode trazer longevidade as peças de vestuário, lembrando que toda a sujidade deve ser removida para garantir a aparência do trabalhador e para evitar que contaminantes como graxas ou óleos fiquem aderidos ao tecido. Em caso de sujidade intensa e difícil de remover, é recomendável a lavagem a seco, pois essa conta com processos específicos e produtos recomendados, que vão garantir a remoção de tais resíduos.
A temperatura máxima da água na lavagem doméstica deve ser de 65 °C e devemos observar a quantidade de peças por lavagem para não sobrecarregar a máquina, garantindo uma limpeza completa das peças de vestuário. Recomenda-se não misturas as vestimentas de trabalho com as roupas comuns, como elas podem conter contaminantes deve-se evitar. É importante também colocar quantidades de detergentes adequadas para a remoção da sujidade.
Cabe ressaltar que os alvejantes estão PROIBIDOS assim como detergentes em pó a base de Peróxido e sabão em barras, pois estes contêm ácidos graxos muitas vezes insolúveis deixando resíduos na vestimenta. Os amaciantes também devem ser evitados por se depositarem no tecido se não forem bem enxaguados.
No procedimento de lavagem doméstica deve-se esfregar manualmente áreas como colarinho e punhos antes de colocá-los na máquina de lavar.
Para a lavagem industrial, recomenda-se que as lavanderias selecionadas tenham certificação técnica e de gestão da qualidade, bem como processos ambientais de tratamento de resíduos. Isto ajudará na escolha da lavanderia e no processo de auditoria para evidenciar a compatibilidade dos procedimentos da lavanderia com a metodologia de higienização estabelecida empresa contratante. Muitas vezes este processo é negligenciado, trazendo consequências que podem ser graves ao trabalhador.
Em ambos os processos, doméstico ou industrial, sempre devemos ter como objetivo que as vestimentas estejam limpas e livres de contaminantes para seu próximo uso e desta forma garantira a segurança dos trabalhadores.
Os contaminantes do ambiente de trabalho impactam a vestimenta de proteção térmica?
Nos locais de trabalho e ambientes industriais existem vários contaminantes contendo componentes inflamáveis, incluindo óleo isolante de transformadores, creosoto em postes telefônicos e óleos hidráulicos de máquinas. Esses componentes químicos levantam questões sobre sua interferência no desempenho da proteção da vestimenta. Embora esses contaminantes ambientais não removam as propriedades de proteção térmica do tecido, os contaminantes inflamáveis podem mascarar a resistência térmica, fazendo com que o tecido inflame até que o combustível seja consumido na área contaminada. Interagir com os contaminantes do local de trabalho é muitas vezes inevitável; por esta razão, garantir uma lavagem correta é muito importante.
O que o usuário deve fazer todos os dias quando for vestir sua vestimenta de proteção térmica?
Primeiramente, levar em conta que o que está vestindo protegerá sua vida, depois realizar uma minuciosa inspeção visual. As vestimentas devem ser inspecionadas no ato do recebimento pela área responsável e após cada lavagem pelo usuário, durante toda a sua vida útil. Zíper, costuras, botões e velcros devem ser examinados para verificar se não há danos visíveis, como rasgos, cortes ou desgaste excessivo. Se houver algum dano, não se deve utilizar a vestimenta e deve-se substituí-la imediatamente. Também é fundamental certificar-se de que a vestimenta esteja limpa e sem impregnação de sujidade antes de vesti-la. Para avarias em fechamentos como zíperes, velcro e também para detecção de descosturas, recomenda-se contatar as empresas envolvidas no processo, como a empresa têxtil e a confecção, para as devidas orientações sobre o tratamento das peças de vestuário.
Um outro tema que é importante salientar são reparos. Os usuários podem realizar reparos ou levar em uma costureira?
A resposta é NÃO! Reparos em vestimentas de proteção térmica são delicados e exigem cuidado para garantir que a integridade da proteção térmica não seja comprometida. É recomendável que os reparos sejam feitos, se for o caso, pelo fabricante da vestimenta. Isso porque esses profissionais têm experiência em lidar com tecidos específicos de proteção térmica e em utilizar os insumos como linhas, zíperes e velcros também com propriedades térmicas, compatíveis com cada nível de proteção das peças de vestuário em questão. Os únicos reparos que poderiam a priori ser feitos pelo usuário, seriam a colocação de um botão e a feitura de bainha de uma calça, mas isso depende ainda da análise do recobrimento do botão e de como a bainha deve ser realizada para não impactar qualquer exposição indesejada aos perigos térmicos.
Verifique sua vestimenta após cada dia de trabalho, pois cada dia conta!
O Capítulo 7 da NFPA 2113 enfatiza a necessidade de as empresas implementarem um processo simplificado que confirme que a utilização da vestimenta é viável em suas condições de trabalho. Os trabalhadores também são responsáveis por examinar sua vestimenta antes e depois de realizar as tarefas.
Em conformidade com a NR-6, o trabalhador deve, com relação ao seu EPI, “comunicar à organização quando extraviado, danificado ou qualquer alteração que o torne impróprio para uso”.
A Segurança do trabalho e os usuários das vestimentas devem realizar um estudo conjunto das atividades no qual há potencial contaminação e avaliar cada situação individualmente e documentar num prontuário. Esta prática deve ser levada adiante ao longo do ano todo, a fim de ajudar a garantir, por meio de uma análise crítica sistemática, que os trabalhadores estejam usando a vestimenta adequada e compatível com a suas atividades.
Muitos usuários trabalham em lugares abertos e perguntam se podem utilizar repelentes para insetos.
Estudos mostram que repelentes de insetos à base de permetrina e água não apresentam efeitos adversos em tecidos de proteção térmica. Ao aplicar repelentes de insetos em vestimentas, no entanto, deve-se evitar a aplicação de repelentes de insetos contendo DEET (1) ou o próprio DEET.
Os repelentes de insetos que contêm DEET podem ser inflamáveis e, portanto, têm um efeito adverso nas vestimentas de proteção térmica. É importante notar que os repelentes de insetos que contêm DEET não removem os componentes que oferecem às vestimentas a resistência térmica, mas sim a mascaram.
Nota: (1) DEET (CAS# 134-62-3) é um composto químico que serve como repelente de insetos; comercialmente indicado como Diethyl Toluamide. É fabricado para ser aplicado diretamente nas roupas, sendo que em particular, o DEET protege contra picadas de carrapatos (que transmite a Doença de Lyme) e picadas de mosquitos (que transmitem a dengue, malária e febre amarela), entre outros insetos, como formigas.
Por último, como saber quando é hora de substituir a vestimenta de proteção térmica?
Identificar o momento certo para substituir a vestimenta de proteção térmica é crucial para garantir a segurança do usuário. Aqui estão alguns sinais de que pode ser a hora de substituir a vestimenta:
Desgaste visível: Procure por rasgos, furos, desgaste excessivo ou costuras soltas. Se a vestimenta estiver visivelmente danificada, pode não oferecer mais a proteção adequada.
Mudança no ajuste: Se a vestimenta não se ajusta corretamente ao corpo do usuário ou se torna desconfortável de usar, pode ser sinal da necessidade de substituição.
Odores persistentes: Se a vestimenta não consegue mais ser limpa adequadamente e apresenta odores persistentes mesmo após a lavagem, pode ser indicativo de que está na hora de substituí-la.
Danos causados por produtos químicos: Se a vestimenta foi exposta a produtos químicos que podem danificar suas propriedades, como ácidos ou solventes, ou mesmo produtos proibidos nos processos de lavagem e condicionamento, é importante substituí-la, mesmo que não haja danos ou desgastes visíveis.
Histórico de acidentes: Se a vestimenta foi danificada anteriormente por uma exposição ao arco elétrico, fogo repentino ou a respingos de metal fundido provenientes de processos de soldas, é fundamental a substituição.
É muito importante prestar atenção a esses sinais e substituir a vestimenta de proteção térmica para garantir sua segurança e proteção adequadas.
A correta lavagem, conservação e armazenamento das vestimentas de proteção térmica são fundamentais para garantir a eficácia desses equipamentos ao longo do tempo. Além de prolongar a vida útil das peças de vestuário, esses cuidados contribuem diretamente para a segurança e saúde dos trabalhadores em ambientes de risco. Portanto, é essencial que as empresas adotem políticas e procedimentos claros para garantir a correta manutenção dessas vestimentas, incluindo a inspeção regular, a limpeza adequada e o armazenamento correto. Investir nesses cuidados é investir na segurança e proteção de todos os envolvidos.
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