Cuidado, elas não são equivalentes!
A certificação de Vestimentas de Proteção Térmica deve obedecer a requisitos normativos internacionais de forma integral, o que implica em vários ensaios laboratoriais e avaliação da conformidade de todo um sistema de garantia da qualidade da produção.
A grande pergunta dos usuários finais é: Qualquer certificação internacional atende minha área de trabalho?
A resposta é NÃO!
Existem conjuntos normativos específicos para cada área de trabalho, já que os perigos envolvidos na atividade, mesmo sendo enquadrados na área efeitos térmicos, são provocados por diferentes fontes de calor: Irradiação, Convecção, Condução. Alguns efeitos adicionais como emissão de metal fundido e outros materiais incandescentes, impacto de pressão, luz intensa, entre outros, estão presentes também nesse processo, e por isso exigem uso de diferentes normas técnicas.
Nas duas grandes áreas onde os perigos térmicos ganham destaque no mundo, temos as seguintes considerações principais:
Fogo repentino: Os tecidos e vestimentas são certificados com base nas diretrizes da NFPA 2112, onde o perigo é a exposição ao calor de curta duração promovido por fogo. O fluxo de calor nos ensaios de desempenho para fogo repentino são de 2 cal/(cm² s), com uma energia integrada de 6 cal/cm² em um ensaio normalizado de 3 segundos (ASTM F1930). A característica principal dessa fonte de calor é a transmissão de calor por condução e convecção, tendo uma menor contribuição de calor irradiado, além do envolvimento de materiais inflamáveis em suspensão, o que exige uma abordagem específica para os ensaios laboratoriais e demanda características específicas do tecido que vai compor a vestimenta de proteção térmica.
Arco Elétrico: O perigo associado ao arco elétrico envolve majoritariamente as fontes de calor por irradiação, tendo contribuições menores de calor por convecção e condução. A taxa de elevação de temperatura e o fluxo de calor aos quais um tecido para proteção contra efeitos térmicos de arcos elétricos é submetido são muito diferentes do que temos para o fogo repentino, e ocorrem em intervalos via de regra muito mais curtos. Para esse cenário a certificação tem como base a norma ASTM F1506. Os requisitos são diferenciados e os ensaios com arcos elétricos seguem a ASTM F1959, com fluxos de calor de aproximadamente 45 cal/(cm² s), e energias que podem variar muito durante o processo, entre 6 a 15 cal/cm² para uma vestimenta de categoria II, por exemplo.
Cada fonte de calor e característica de uma fonte de perigo exige uma abordagem técnica e nenhuma é protege mais que a outra, mas cada uma protege de forma específica. Algumas agregam as duas proteções, mas isso exige a Dupla Certificação!
Então a certificação NFPA 2112 é um processo e a certificação ASTM F1506 é um outro processo. Ter uma certificação de um tecido em somente uma das duas diretrizes não permite que o mesmo seja utilizado nas duas aplicações. É um erro severo que pode comprometer a vida do trabalhador.