
As metodologias de cálculo de energia incidente na nova norma
Por Maria Chies
Você já conferiu nosso primeiro artigo sobre a norma ABNT NBR 17227? Será a publicação mais recente da América Latina, promete transformar a forma como os estudos de energia incidente serão conduzidos nos trabalhos com eletricidade. Atualmente em fase de publicação, ela trará avanços significativos para a segurança no trabalho. Já exploráramos suas principais novidades – não fique de fora! Leia nosso primeiro artigo e saiba mais.
Quais metodologias e cenários a nova norma de energia incidente irá abordar?
Prepare-se! O escopo da ABNT NBR 17227 é abrangente e cobre diversos aspectos dos estudos de energia incidente, desde ambientes de geração, transmissão e distribuição até os usos finais da energia. Além disso, a norma incorpora o uso de fontes de corrente contínua, refletindo uma tendência global impulsionada pela crescente expansão dos parques de energia renovável no sistema de abastecimento mundial.
No ambiente industrial
Um dos grandes destaques da ABNT NBR 17227 é a incorporação dos estudos de energia incidente com base no guia IEEE 1584:2018 – “Guide for Performing Arc-Flash Hazard Calculations”.
O guia IEEE 1584 é o mais utilizado pelos profissionais de engenharia elétrica nos ambientes industriais. O guia explora diversas configurações das instalações elétricas industriais, com configurações de arcos abertos e fechados, o que permite uma cobertura muito importante para os equipamentos da indústria.
Desta forma, seus procedimentos, configurações elétricas e equações foram reproduzidos na nova norma brasileira, já que é uma referência essencial para a segurança no ambiente industrial. A norma orienta o uso e os passos essenciais para aplicação do Guia IEEE 1584, o que motiva a aplicação da metodologia já consagrada internacionalmente pelos profissionais da américa latina.
Os aspectos fundamentais de aplicação desse guia dentro da nova norma brasileira são abordados com os seguintes passos nela apresentados:
1. O Levantamento de dados da Instalação Elétrica;
2. A determinação do modo de Operação do sistema elétrico sob estudo;
3. O cálculo da corrente de falta (corrente de curto-circuito);
4. A determinação de distância entre eletrodos e tamanho de invólucros;
5. A determinação da configuração dos eletrodos, aprimorada na versão 2018 da IEEE;
6. A determinação das distâncias de trabalho;
7. O cálculo da corrente de arco elétrico;
8. A determinação do tempo de eliminação do arco elétrico;
9. O cálculo da energia incidente propriamente dita, e
10. A distância de aproximação segura, ou distância de alcance do arco elétrico.
Além de cada um desses passos, a norma tenta facilitar a aplicação do Guia IEEE 1584, deixando claro seus limites de aplicação e apresentando de forma detalhada e orientada, todas as tabelas com os parâmetros de cálculo.
E além dos limites da IEEE 1584, o que a ABNT NBR 17227 trará de novo?
A nova norma vai muito além! Ela expande o escopo dos estudos de energia incidente para cenários com tensões superiores a 15 kV, o que amplia o escopo dos profissionais que sentem a limitação de uso por exemplo, da NFPA 70E. Neste sentido, a nova norma fornece diretrizes para a aplicação de metodologias alternativas.
Algumas dessas metodologias já são consolidadas no cenário norte-americano, como a OSHA 1910.269 – Apêndice E, e o relatório do EPRI (Electric Power Research Institute) sobre estudos de energia incidente em sistemas de transmissão e distribuição de energia.
Além disso, a norma reconhece a importância e traz algumas referências de artigos científicos consagrados, além da recomendação do uso de simulações por meio de softwares amplamente adotados no mercado internacional, como o ARC PRO, também listado na OSHA 1910.269 – Apêndice E.
Um ponto muito importante são os desafios específicos enfrentados por profissionais que lidam com tensões superiores a 15 kV. Para isso, a nova norma reproduz tabelas do Apêndice E da OSHA 1910, e orienta seu uso de maneira adequada.
Essa inclusão representa um avanço importante para a engenharia elétrica e a segurança no trabalho, fornecendo referências claras e aplicáveis a esses cenários complexos.
Circuitos de corrente contínua também estão contemplados!
A ABNT NBR 17227 não deixou de lado os circuitos em corrente contínua. Comparada à NFPA 70E, a nova norma apresenta uma abordagem mais abrangente, incorporando um extenso compêndio de informações sobre energia incidente em CC.
Diferente da NFPA 70E, que utiliza um modelo baseado em estudos limitados a tensões de até 1000 V, a metodologia da norma brasileira se apoia em uma revisão bibliográfica mais ampla, incluindo estudos que permitem análises considerando tanto configurações abertas quanto confinadas de arcos elétricos em corrente contínua, muito importantes dentro das novas tendências de energias renováveis como os sistemas que utilizam baterias para armazenamento de energia.
Uma referência para toda a América Latina
A ABNT NBR 17227 tem potencial para se tornar uma norma de referência para outros países da América Latina.
Então, fique conectado!
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Fique de olho nas próximas publicações para mais informações !!! Neste mês, traremos mais informações sobre as seções da nova norma brasileira de Energia Incidente ABNT NBR 17227 e os benefícios técnicos que ela pode agregar a sua organização.
Em nosso próximo artigo vamos falar um pouco mais sobre os métodos de cálculo de energia incidente que a ABNT NBR 17227 abordará e como ela poderá auxiliar o trabalho de muitos profissionais que ainda encontram desafios para elaborar seus estudos de energia incidente e seleção de Vestimentas de Proteção Térmica.
Maria Chies
Especialista em Riscos Térmicos
Referências:
1. D.R. Doan. “Arc Flash Calculations for Exposures to DC Systems”. IEEE Transactions on Industry Applications. 2010
2. R.F. Ammerman, P.K. Sem. “DC-Arc Models and Incident Energy Calculations”. IEEE Transactions on Industry Applications. 2010