Na última década, três importantes estudos mostraram que os bombeiros estão mais expostos aos riscos de certos tipos de agentes carcinogênicos se comparado com a população em geral. Apesar de ser difícil especificar a taxa exata desse risco adicional, aparentemente ao que tudo indica, a exposição à fumaça de incêndios é um dos principais fatores.
Os efeitos causados pela exposição aos agentes carcinogênicos podem levar muitos anos para aparecerem, tornando complexa a quantificação desse risco e também a mensuração dos resultados propostos nas modificações dos procedimentos e melhorias dos equipamentos de proteção individual (EPIs).
Um estudo de longo prazo sobre o câncer em bombeiros chamado FFCCS (Fire Fighter Cancer Cohort Study) está sendo realizado justamente para avaliar os efeitos causados pelos agentes carcinógenos.
O estudo contempla uma avaliação à exposição aos agentes; elaboração de uma matriz dos agentes causadores e diversos estudos de biomarcadores epigenéticos (susceptibilidade do indivíduo a carcinógenos).
Embora este importante estudo possa levar mais de uma década para ser concluído, ele deverá responder muitas das questões relacionadas ao elevado grau de agentes carcinogênicos encontrados nos bombeiros.
Todos os tipos de incêndios, sejam em edifícios modernos ou não, produzem fumaça e gases tóxicos, onde muitos dos tipos de gases tóxicos encontrados na fumaça produzida em incêndios estão sujeitos a serem cancerígenos, tais como: benzeno, HAPs (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, como naftaleno e benzopireno), PCBs (bifenilos policlorados), aldeídos, amianto, arsênio, cádmio e chumbo.
Alguns relatórios também especulam que a toxicidade de incêndios estruturais aumentou ao longo dos anos devido as mudanças dos materiais utilizados tanto na construção civil como na decoração de ambientes.
É o caso de antigos mobiliários que eram produzidos com materiais naturais como madeira, algodão e lã.
Atualmente, muitos mobiliários contêm plástico, espumas sintéticas e madeira com tratamento em sua composição, produzindo uma alta concentração de materiais tóxicos quando queimados.
Um aspecto positivo é que atualmente os bombeiros são treinados para tratar o combate ao incêndio com a presença de materiais perigosos, a fim de limitar a exposição aos gases tóxicos e partículas que podem aumentar o risco de contato com agentes carcinógenos.
As associações de bombeiros, fabricantes e organizações de saúde tem utilizado estas novas informações disponíveis sobre agentes carcinógenos para ajudar a desenvolver equipamentos de proteção individual mais modernos e seguros.
Para tanto, é fundamental que os bombeiros utilizem a vestimenta de combate a incêndio para proteger da exposição ao calor e inalação de fumaça e gases, uma vez que cobrem grande parte do corpo do bombeiro.
Importante salientar que há estudos que explicam como realizar a descontaminação destes EPIs, com foco na sua correta limpeza, a fim de evitar o contato com agentes carcinogênicos.
Uma outra pesquisa está sendo conduzida simultaneamente ao estudo de Cohort em conjunto com a Fire Protection Research Foundation e a National Fire Protection Association (NFPA).
Essa pesquisa tem como objetivo identificar as melhores práticas para a limpeza das vestimentas de combate a incêndio, incluindo métodos de descontaminação e desinfecção para reduzir a exposição dos bombeiros aos contaminantes, e a mensuração da eficácia da higienização das vestimentas.
A vestimenta utilizada pelos bombeiros (calça + casaco) possui um sistema de três camadas internas, que foi desenvolvido e patenteado em 1918, no qual está dividido da seguinte maneira:
– 1ª camada – forro térmico que isola a pele protegendo do calor extremo;
– 2ª camada – fornece uma barreira de umidade evitando que a água e os contaminantes penetrem na vestimenta
– 3ª camada – tecido resistente ao calor que protege contra chamas, produtos químicos e riscos térmicos.
Já o revestimento externo da vestimenta do bombeiro é feito de uma mistura de materiais antichama e fibras de alta resistência que não derrete, permanecendo intacto mesmo quando exposto a elevadas temperaturas.
Além disso, a superfície externa pode ser tratada com um acabamento repelente para evitar a absorção de água e outros fluidos.
sintéticos utilizados na fabricação desse composto podem contribuir para os riscos de exposição aos agentes carcinógenos nos quais os bombeiros tem enfrentado.
A principal preocupação é motivada principalmente pelos problemas, amplamente conhecidos, em torno do produto químico PFOA, também chamado de “C8”, uma vez que possui uma estrutura de oito tipos de carbonos, sendo utilizado como revestimento da repelência de produtos líquidos.
O PFOA não se decompõe facilmente no meio ambiente e nem é metabolizado rapidamente pelo corpo. Infelizmente, esse fato pode ser observado em trabalhadores de fábricas e comunidades do entorno, nos quais foram detectadas a presença de PFOA.
Aquelas pessoas nas quais havia uma maior concentração de ácido no corpo, a probabilidade de desenvolverem problemas de saúde era maior, visto sua nocividade.
Além dos acabamentos repelentes, o PFOA também foi sido usado como componente em espumas de combate a incêndio.
Devido a sua nocividade, tanto para o meio ambiente como para a saúde humana, o PFOA foi sendo gradualmente retirado do mercado norte-americano na última década.
Atualmente, o material repelente e os revestimentos são feitos com diferentes compostos fluorados. Em geral é usado um material intermediário com seis carbonos, denominado “C-6”, que demonstrou ser menos prejudicial e metaboliza 20 vezes mais rápido do que o PFOA, não são cancerígenos e são pelo menos dez vezes menos tóxicos.
Estudos têm mostrado que a vestimenta de combate a incêndio pode ser contaminada com produtos químicos tóxicos e cancerígenos gerados em incêndios. Alguns destes produtos suspeitos, como HAPs e PCBs, podem ser absorvidos pela pele humana.
Além disso, a permeabilidade da pele geralmente aumenta com a elevação da temperatura e da umidade do corpo, sendo essas condições muito prevalentes nos bombeiros.
O estresse por calor e a transpiração sobre a vestimenta podem exacerbar a exposição cutânea potencializando o risco de exposição a produtos químicos perigosos.
Portanto, é essencial evitar que esses compostos se infiltrem ao tecido da vestimenta, a fim de facilitar sua descontaminação, limitando assim, a exposição aos agentes cancerígenos.
O revestimento repelente nas vestimentas de combate a incêndio é uma característica fundamental.
Atualmente, os fluoropolímeros, incluindo os polímeros à base de C-6, são os melhores materiais disponíveis para formar revestimentos duráveis, que reduzem a absorção da água (um requisito prescrito na norma NFPA 1971), de contaminantes, repelindo graxas, óleos e outros hidrocarbonetos, fornecendo uma fácil descontaminação.
Desta maneira, a maioria dos EPIs certificados deverá conter alguma forma de polímero fluorado. Ao selecionar a sua vestimenta de combate a incêndio, os departamentos de bombeiros devem escolher aquelas possuem o nível ideal de proteção térmica e baixa carga de estresse por calor, que ajudarão a minimizar os riscos potenciais de exposição a produtos químicos.
A Westex Milliken Brand trabalha incessantemente na busca de novos materiais, processos e tecnologias para fornecer a máxima proteção às vestimentas de combate a incêndio, visando garantir total proteção aos bombeiros durante a execução de seu trabalho.